Iniciativa viabiliza à Torre foco no controle aéreo
A Torre de Controle ainda está lá. Soberana nas alturas, reina sobre as pistas. Afinal, ainda é quem manda. Mas já não está mais sozinha. Ao menos no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro.
Desde julho de 2016, o controle da movimentação das aeronaves no pátio do Galeão não é mais realizado pela Torre, mas por uma célula de operações exclusivamente dedicada ao serviço, operada pelo administrador aeroportuário. A iniciativa tem nome: Apron Control. Apron é a terminologia aeronáutica, em inglês, usada para designar um pátio de aeródromo. Expresso na Instrução do Comando da Aeronáutica que regulamenta os Serviços de Tráfego Aéreo (ICA 100 – 37), o chamado Serviço de Controle de Pátio “tem por finalidade gerir a movimentação de aeronaves, veículos, equipamentos e pessoas no pátio de um aeródromo.”
No caso do Galeão, corresponde ao controle efetivo da movimentação de aeronaves e veículos em geral nos pátios dos terminais de passageiros 1 e 2, píer sul e terminal de cargas (TECA) até os pontos de transição (handover points) com as áreas de manobras – onde estão as taxiways e pistas de pouso e decolagem.
Os movimentos nos pátios são controlados por operadores alocados em uma sala destinada ao Apron Control Galeão, no Centro de Operações do Aeroporto (COR). É de lá, por meio da interlocução com os pilotos, via frequência de rádio VHF, com o apoio da projeção dos movimentos em telas de visualização de softwares dedicados – tal como nas visualizações radar – e do auxílio de câmeras de alta definição instaladas ao longo do aeródromo, que os operadores do Apron Control têm o pátio do Galeão sob as mãos. Veículos de catering, transportadores de bagagens, caminhões de combustível, aeronaves comerciais, cargueiras, da aviação geral – e até mesmo militares, caso cruzem os pátios do aeroporto – tudo está nas telas do novo controle.
Para as decolagens, a Torre continua executando a autorização de tráfego (Clearance Delivery), dando assim, início ao processo das saídas. Mas já não orienta mais o piloto a contatar, em seguida, sua outra frequência na posição Controle de Solo.
Com o tráfego autorizado, o piloto contata diretamente o Apron, agora responsável pela autorização do acionamento dos motores, pushback e taxi da aeronave nos pátios do Galeão até o chamado handover point. Desse local em diante, o piloto retoma o contato com a Torre (posição Controle de Solo) até os pontos de espera nas cabeceiras de pista. De lá, como de costume, solicita a decolagem à Torre (posição Controle Torre).
Nas chegadas, o inverso. O piloto pousa e taxia até o handover point sob orientação da Torre (posições Controle de Torre e Solo). Desse ponto ao estacionamento para desembarque é com o Apron.
Operação Remota
A intermediação da Apron nas chegadas e saídas das aeronaves nos pátios do aeroporto é possível graças à implementação de uma infraestrutura de alta tecnologia apta a gerenciar estas manobras a partir de modernas plataformas. Destaque para o Aerobahn: sistema que gerencia as informações referentes aos deslocamentos das aeronaves nestas áreas. Por meio de um complexo de antenas de Multilateração instaladas ao longo do aeródromo, o Aerobahn monitora em tempo real toda atividade no pátio. O sistema viabiliza a visualização das movimentações de pátio na tela dos operadores, habilitando-os à comunicação com todos os atores envolvidos nas operações, bem como à geração de relatórios de dados estatísticos relevantes: tempos médios de taxi, pushbacks, ocupação de pista, pousos, decolagens, números de aeronaves etc.
Para o coordenador de operações do Apron Control Galeão, Paulo Barcellos, estes recursos proporcionam não só a otimização dos tempos das operações, como também a constituição de um instrumento balizador dos resultados. “O sistema oferece uma série de informações não só para efetivo controle dos movimentos de pátio, como também para a mensuração da eficiência”, afirma.
Com o auxílio de um conjunto de câmeras de alta definição instaladas ao longo do aeródromo, a operação é 100% remota. Uma quebra de paradigma, já que, desse modo, a Apron Control Galeão terminou por constituir-se na primeira experiência de controle de tráfego remoto de um grande aeroporto brasileiro. Ainda que restrita às operações de pátio.
Acordo Operacional
Para a adequação e coordenação das operações, foi elaborada uma Carta de Acordo Operacional, conforme exigência da legislação. “O Apron foi implementado em face do aumento da complexidade aeroportuária, por iniciativa da Concessionária RIOgaleão, e desenvolvido com base nas conclusões dos estudos de um grupo de trabalho criado em face desta iniciativa”, relata Barcellos a respeito do grupo que envolveu importantes organizações: Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), concessionárias, operadores aeroportuários e outras empresas do setor. O documento define as responsabilidades de cada órgão: as áreas que são geridas pelos controladores de tráfego aéreo e as que ficam sob os cuidados do controle de pátio, por exemplo.
Aos pilotos, foram emitidas publicações aeronáuticas com informações a respeito dos novos procedimentos exigidos pelo “controle compartilhado” no Galeão. Um deles, os orienta a manter o transponder no modo ALTITUDE REPORT/ADS-B durante os taxis na área de movimento do aeródromo, de modo a fornecer mandatoriamente o posicionamento das aeronaves nas telas dos operadores.
Para o Major Fabio Lourenço Carneiro Barbosa, comandante do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo do Galeão (DTCEA-GL) – à época da implementação da Apron no aeroporto – a iniciativa é salutar por viabilizar o foco da torre nos pousos e decolagens, propriamente.
“A posição controle solo da Torre Galeão passou agora a ter a atenção focada no trecho entre as saídas do pátio e as esperas nas cabeceiras. Trecho muito menor que o do padrão anterios (do finger às cabeceiras). O operador da Apron, por sua vez, direciona sua atenção exclusivamente aos movimentos de pátio: delocamentos de aeronaves, reboques, viaturas. Melhora-se, com isso, a segurança operacional e eficiência no trabalho de cada um”, explica Barbosa.
Apron – Panorama Internacional
A iniciativa não é exatamente uma novidade no resto do mundo. Muitos aeroportos têm implementado um serviço especificamente dedicado ao controle de pátio. Caso de inúmeros aeroportos norte-americanos, como os internacionais de Atlanta (ATL), Dallas/Fort Worth (DFW), Nova York (JFK), Filadélfia (PHL), Denver (DEN), por exemplo, onde a prestação do serviço é realizada por uma célula à parte, operada pelo administrador aeroportuário ou, até mesmo, pelas companhias aéreas.
Esse é também o caso de grandes aeroportos europeus e asiáticos como os de Zurique (ZUR), Dublin (DUB) e Abu Dhabi (AUH), por exemplo, que dispõem, cada qual, de uma torre para o controle de pátio. Já os aeroportos internacionais de Pequim (PEK), Tóquio/Narita (NRT), Dubai (DXB) e Seul/Icheon (ICN) possuem duas células de operação Apron. Caso emblemático é o do Aeroporto Internacional de Frankfurt am Main (FFT). Com a inauguração de um novo terminal de passageiros, o aeroporto, tradicional hub da Lufhtansa, constrói atualmente sua terceira célula de operações destinado ao controle de pátio numa nova torre.
Para termos uma ideia da dimensão da atividade na Alemanha, os aeroportos de Frankfurt e Munique empregam, atualmente, 80 e 60 operadores, respectivamente, para o controle de pátio. No caso de Frankfurt, porém, uma particularidade: os operadores Apron também controlam os movimentos das pistas de taxi, o que não é usual.
Incremento de segurança operacional, geração de dados estatísticos de movimentos, economia no uso de combustível, incremento de parâmetros de pontualidade, diminuição da carga de trabalho dos controladores de tráfego aéreo. Esses são alguns dos benefícios enumerados por Barcellos com a implementação do Apron Control. “Benefícios que já vêm se refletindo nos resultados de eficiência do Gaelão”, conclui.
Boa tarde Daniel, como vai?
Sou arquiteto e realizarei uma obra na Rua Vale da Ribeira, 51 – Santana. Gostaria de saber se neste lote há alguma restrição de altura ou algo do genêro com relação as ZPAs dos aeroportos próximos (Campo de Marte e Cumbica). O edifico está a cerca de 4km do Campo de marte e 52km do Aeroporto de Cumbica. Pode me auxiliar?
Certo de um breve retorno
Claro, Ronaldo!
Segue abaixo o formulário/link pronto para ser encaminhado diretamente ao setor do DECEA responsável pelo assunto:
https://servicos2.decea.gov.br/sac/?a=aga&c=207
Obrigado pela participação
Excelente isso, desta maneira a segurança fica ainda maior. Investimentos em tecnologia e segurança são sempre bem vindos.