(IU-50) LEGACY 500: surpreenda-se com o novo Laboratório Voador do GEIV

De fora, parece um avião qualquer. Mas, não é. A décima-quinta aeronave da linha de produção da Embraer cognome Legacy 500 (EMB550) é diferente. Completamente adaptada pela FAB para uso do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), atende agora também pela designação da Força Aérea:  IU-50.

Legacy 500 taxiando na pista do Santos Dumont antes de chegar  no batismo da aeronave no GEIV (Foto: Fábio Maciel)
Legacy taxia na pista do Santos Dumont pouco antes de chegar à solenidade de apresentação no GEIV (Foto: Fábio Maciel)

Com um laboratório de grande porte embarcado em seu interior, o avião foi remodelado e instrumentalizado para, em voo, aferir todo e qualquer um dos instrumentos de auxílio de voo e procedimentos de navegação aérea em operação no País. Verificar e, quando necessário, corrigir a precisão dessas infraestruturas que viabilizam o voo por instrumento no território nacional. 

A primeira das seis novas unidades do IU-50 que irão compor a nova frota do GEIV aterrissou no Santos Dumont hoje, dia 23, com pompa e circunstância. Iniciará o processo de substituição dos Bandeirantes, já obsoletos para a função, oferecendo uma infinidade de novos recursos e funcionalidades. Tecnologia de ponta, alta performance, design moderno, sistemas embarcados de última geração, a nova menina dos olhos do GEIV começará a mostrar serviço imediatamente e promete dizer a que veio.

Cabine de Comando do Legacy 500 (Foto: Fábio Maciel)
Cabine de Comando do Legacy 500 (IU-50) (Foto: Fábio Maciel)

Mas afinal, o que essa belezura de traços firmes e curvas longilíneas tem de tão especial? Como é o seu desempenho no ar? Qual é sua capacidade operacional? Qual o ganho para a atividade de inspeção?  Quais benefícios confere à tripulação? 

O Blog SobreVoo sai na frente e destrincha as principais particularidades do “Legacy 500 –  IU-50”, revelando os mais importantes predicados deste laboratório voador, fabricado e montado no Brasil. 

De brasileiro para brasileiro: o melhor 

Com o avanço da tecnologia, sobretudo a transição para um voo cada vez mais digitalizado e orientado por sistemas satelitais, novos recursos de navegação, comunicação e vigilância aérea surgiram e foram aprimorados ao longo dos últimos anos. Particularmente, os procedimentos de navegação aérea (trajetórias de voo homologadas, com um objetivo de voo específico) incorporaram modernas tecnologias que exigem equipamentos compatíveis a bordo das aeronaves a fim de monitorar e indicar, com precisão, desvios mínimos do avião em relação à trajetória de voo prevista.

Aeronave estacionada no pátio do GEIV (Foto: Fábio Maciel)
Aeronave estacionada no pátio do GEIV (Foto: Fábio Maciel)

O Legacy 500 é uma aeronave executiva, midsize (médio porte), com motorização turbofan Honeywell HTF7500, bimotor com alcance intercontinental. Ao optar pelo modelo da Embraer, a FAB equipou – conforme suas necessidades operacionais – um modelo que já fora concebido para romper paradigmas, ao destoar da concorrência na classe midsize, desde suas primeiras entregas em 2014. É uma aeronave maior, mais rápida, com mais autonomia, melhor pressurização e alcance superior que as demais. 

Alçado à vanguarda do que existe de mais atualizado no mundo para a atividade, o GEIV projetará internacionalmente a inspeção em voo e a indústria aeronáutica brasileira.

Motorização turbofan Honeywell HTF7500
Motorização turbofan Honeywell HTF7500

 

Inspeção em Voo Fly-by-Wire

O Legacy 500 é o primeiro modelo midsize com uso 100% de tecnologia Fly by Wire: sistema eletrônico que transmite

os comandos do piloto – a partir do cockpit – aos flaps, leme e outras partes móveis do avião digitalmente. E não mais por meio de cabos, roldanas e peças de transmissão mecânicas. 

Quando acionados pelo piloto, esses sistemas inteligentes transmitem a informação a partir de cálculos complexos, evitando, por exemplo, que comandos excedam os limites estruturais do jato e proporcionam um substancial aumento da confiabilidade de voo. Sem cabos e roldanas de transmissão, há também sobra de espaço e uma diminuição no peso de decolagem. O controle da aeronave ganha em precisão, a manutenção fica mais simples e, por extensão, a carga de trabalho da tripulação é aliviada.

Piloto usa a tela touch screen para executar uma operação de voo (Rockwell Collins - divulgação)
Piloto usa a tela touch screen para executar uma operação de voo (Rockwell Collins – divulgação)

A tecnologia, até então, só estava disponível em jatos comerciais de grande porte ou jatos executivos maiores, de custo mais elevado. Por ora, a frota do GEIV será a única do mundo a dispor de aeronaves-laboratório fly-by-wire.


Mais Capacidade para a Inspeção

Embarcado no avião, o sistema de inspeção em voo UNIFIS 3000, da NSM – Norwegian Special Mission, será capaz de aferir todos os procedimentos de navegação aérea em operação atualmente, em especial os afinados ao conceito de Navegação Baseada em Performance (navegação aérea orientada por satélites, grosso modo). 

INterface do Sistema de Inspeção em Voo UNIFIS 3000, instalado no interior do Legacy 500 (Foto: Fábio Maciel)
Interface do Sistema de Inspeção em Voo UNIFIS 3000, instalado no interior do Legacy 500 (Foto: Fábio Maciel)

Neste caso, incluem-se os de alta precisão, como o RNP AR (Required Navigation Performance – Authorization Required). Os procedimentos do gênero, até então publicados pelo DECEA, foram homologados pelo GEIV com um piloto inspetor da unidade a bordo de aeronaves de companhias aéreas, em função indisponibilidade desa capacidade na antiga frota. O Legacy IU-50 está apto a inspecionar os auxílios e procedimentos de navegação que se fizerem necessários.

RNP AR 0.3
RNP AR 0.3

 

Mais inspeções em um só voo 


O IU-50 proporcionará importantes ganhos operacionais ao GEIV. Entre os seus concorrentes, o Legacy 500 é a aeronave que precisa de menos pista para pouso e decolagem, bem como a que possui maior autonomia de voo. 

Resultado: com um alcance de voo de 5.787 Km (3.125 NM) e a necessidade de apenas 1.245 metros (4.084 pés) de pista para decolagem, o Legacy 500 consegue partir completamente abastecido do Rio de Janeiro rumo a qualquer aeroporto da região norte do país sem pouso intermediário para reabastecimento, o que não é possível com as aeronaves atuais do GEIV.

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Naturalmente, quanto maior a autonomia de voo, maior o alcance da aeronave. Consequentemente, melhor o aproveitamento da missão, com mais inspeções em voo para cada decolagem realizada.

Perceba, na ilustração abaixo, o raio de alcance do Legacy 500, a partir de uma decolagem de São Paulo.

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Aumento da Consciência Situacional 

Outro destaque é o aumento da consciência situacional da tripulação. As telas de 15 polegadas do painel de comando (as maiores entre os jatos da classe) permitem a visualização de cartas de navegação georeferenciadas, grafismos de orientações para voo por instrumento, imagens das superfícies/relevo virtualizadas, além de outras importantes informações ao longo do voo.

O SVS – Synthetic Vision System (em português, Sistema de Visão Sintética) proporciona ao piloto uma melhor consciência da operação, sobretudo, em condições de baixa visibilidade e no sobrevoo de territórios desconhecidos. O sistema integra um banco de dados de terrenos e relevos, visualizados em tempo real, conforme a localidade da aeronave. O SVS oferece ao piloto uma visão tridimensional altamente detalhada do solo sob o seu avião, ainda que em condições de voo por instrumento com visibilidade nula.

Imagem viabilizada pelo Synthetic Vision System
Imagem viabilizada pelo Synthetic Vision System

 

Aeronaves disponíveis por mais tempo

Há um aspecto importante quanto à logística das operações das aeronaves do GEIV. Para efeito de comparação, enquanto o jato Hawker HS800X e o Bandeirantes IC-95 (ambos da atual frota do GEIV) precisam ser inspecionados a partir de 200 e 150 horas de voo, respectivamente, o Legacy 500 será inspecionado a cada 750 horas de voo. 

Essa diferença de tempo substancial irá impactar nas operações. Aumentando o intervalo entre essas averiguações, aumenta-se em igual proporção a disponibilidade das aeronaves, que irão operar por mais tempo.

Caberá, ao Parque de Material de Aeronáutica do Galeão (PAMA-GL) o gerenciamento do Contrato de Suporte Logístico do IU-50.

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Aviônicas entre as mais avançadas do mundo

O sistema de aviônica do Legacy 500 é o Rockwell Collins ProLine Fusion, considerado um dos mais avançados do mundo.

Altamente intuitivo, proporciona ampla consciência situacional ao piloto. É um sistema expansível de modo a satisfazer as futuras exigências tecnológicas do setor aeroespacial. Inclui, entre outras, as seguintes funcionalidades:

  • Quatro telas LCD de quinze polegadas (alta resolução) com representação de visão sintética, resolução do terreno e de obstáculos
  • Interface homem-máquina incluindo capacidade gráfica para planejamento de voo
  • Sistemas integrados de informação de voo (IFIS) com boletins eletrônicos, mapas aperfeiçoados e leitor de documentos
  • Sistema de gerenciamento de voo (FMS) com precisão expandida e aproximação vertical guiada por localizador (WAAS/LPV) e performance de navegação requerida (RNP)
  • Sistema de vigilância de tráfego com capacidade para vigilância dependente automática por radiodifusão (ADS-B)
  • Capacidade de rede, permitindo interoperabilidade para sincronização de sistemas da aeronave (e de solo) nas atualizações de banco de dados e manutenção.

O Sistema de Aviônica Rockwell Collins ProLine Fusion já foi selecionado para 17 plataformas de aeronaves, entre elas o futuro avião de transporte/abastecimento da FAB, o KC-390, também fabricado pela Embraer.

 
 

Daniel Marinho Editor/ Redator danieldhm@decea.gov.br

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